Ao longo dos 40 anos de sua existência, a Embrapa acumulou méritos, reconhecidos mundialmente, por sua contínua contribuição à agricultura e à sociedade brasileira. Os ganhos de nossa agricultura, em termos de produtividade, alcançados graças à contribuição de tecnologias geradas por um eclético quadro de especialistas que atuam nos centros de pesquisa da Empresa, tornaram o País referência mundial na produção de alimentos, fibras e energia.
Nesses 40 anos, muitos desafios foram enfrentados. Um deles foi a institucionalização da pesquisa para a consolidação de sistemas de produção de base ecológica. Esse processo, ainda que já existente na Empresa de forma dispersa, ganhou forma e conteúdo a partir de 2005, com a elaboração do Marco Referencial em Agroecologia, produto de uma ação concertada com a parceria entre várias instituições do Estado e a sociedade. Hoje, a pesquisa para a consolidação da base científica da Agroecologia está definitivamente incorporada em nossa pauta de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação e de Transferência de Tecnologia.
Atualmente, a Embrapa está ajustando a programação de pesquisa ao formato de grandes portfólios, que tratam dos temas relevantes para a agricultura e a sociedade brasileira. Um deles é o Portfólio de Pesquisa em Sistemas de Produção de Base Ecológica, que tem como objetivo fomentar, organizar e articular as várias iniciativas sobre esse tema no âmbito interno da Embrapa, além de fortalecer as parcerias com outras instituições públicas, universidades e representações da sociedade. Tudo isso servirá de suporte científico para o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), recentemente lançado pelo Governo Federal.
O lançamento desse primeiro volume da Coleção Transição Agroecológica, produto de parceria da Embrapa com a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), concretiza a abertura de um espaço de valorização e divulgação de trabalhos que consolidem a Agroecologia como enfoque científico, contribuindo, assim, com o embasamento científico para agriculturas mais sustentáveis.
A Coleção ajudará, com certeza, a superar novos desafios, entre os quais o de fortalecer a abordagem territorial em programas de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia. Essa estratégia, já praticada em outros países, ainda necessita ser fortalecida no Brasil, no âmbito das políticas públicas e nas práticas das organizações da sociedade. Outro desafio, igualmente importante, é levar os princípios da Agroecologia para além dos espaços já consagrados, inclusive para outros estilos de agricultura. Assim, o debate que se estabelece com esta publicação vai nos ajudar a avaliar que conhecimentos da Agroecologia podem ser universalizados para tornar os sistemas de produção mais sustentáveis.
Mauricio Antônio Lopes
Presidente da Embrapa