Palmito

Foto: Emerson Ferreira

Palmito

Maurício Sedrez dos Reis

Alexandre Mariot

Adelar Mantovani

As florestas tropicais apresentam, em sua composição, grande diversidade de espécies, muitas das quais com grande potencial de uso (não madeireiro e/ou madeireiro). No entanto, a utilização econômica da floresta tem sido associada principalmente a produtos madeireiros, e sua extração realizada, historicamente, de forma predatória. Além disso, a demanda cada vez mais intensa por ambientes conservados e a escassez de produtos florestais têm gerado grande conflito em relação ao destino dos remanescentes florestais. Um dos caminhos para que se concilie a conservação e o uso dos seus recursos é o manejo racional ou sustentável das populações naturais. No entanto, as populações naturais das espécies de interesse, especialmente no âmbito da área de Domínio da Mata Atlântica, estão agora restritas a poucos remanescentes florestais. Essas comunidades vegetais são dotadas de grande complexidade ecológica e exigem conhecimento detalhado de suas relações e da biologia de cada espécie a ser utilizada. Embora haja demanda por vários produtos florestais, o conhecimento da biologia das espécies de interesse ainda é deficiente e não permite a elaboração de estratégias de manejo que possam garantir a sustentabilidade do recurso na grande maioria das situações. Nesse contexto, a palmeira Euterpe edulis Martius (palmiteiro) se caracteriza como uma exceção entre as espécies da Mata Atlântica. Trabalhos de pesquisa visando ao uso sustentável da espécie dentro da floresta vêm sendo realizados desde 1981 e, atualmente, o grande volume de estudos realizados permite a exploração dos recursos da espécie no ambiente dos remanescentes florestais da Mata Atlântica com rentabilidade econômica, sustentabilidade ecológica e suporte legal.

Este capítulo traz informações sobre o histórico de uso e o processo de domesticação desta espécie, em um sistema de exploração (manejo) de suas populações naturais, fundamentado nas características ecológicas da espécie, de maneira que ela possa ser manejada (ou “cultivada” no sentido de cuidado e conservação) no ambiente dos remanescentes florestais, sem perder de vista seu uso econômico.

História de uso e importância

A utilização do palmiteiro é relatada há muito tempo, isto é, desde a chegada dos portugueses na costa brasileira. Numa das expedições de Pero Vaz de Caminha, quando sua tripulação chegou a Porto Seguro, BA, “os tripulantes abateram árvores novas para lenha e derrubaram palmeiras para extrair palmito” (DEAN, 1996). Tal utilização foi fruto do aprendizado sobre o uso da flora com os povos locais, pois o palmiteiro era um componente das estratégias de subsistência dos primeiros povos que habitaram as florestas do centro, do Sudeste e do Sul do Brasil.

Segundo Reis e Reis (2000), a utilização comercial efetiva se iniciou no século 20. Até a década de 1930 e/ou de 1940, o palmiteiro era apenas comercializado em feiras, de forma esporádica, na maioria das cidades e, de forma mais intensa, nos maiores mercados consumidores (capitais e grandes cidades do Sul e do Sudeste). A partir da década de 1940, várias indústrias de conserva foram implantadas em Santa Catarina (litoral norte e Vale do Rio Itajaí), no litoral do Paraná e no Vale do Ribeira, em São Paulo. Essas empresas alteraram o processo de produção, passando a funcionar como polos centralizadores da matéria-prima, estimulando o corte do palmiteiro e intensificando a comercialização do produto.

No início, o palmiteiro era extraído num processo que incluía retorno a cada área em médio ou longo prazo. Mas a pressão exercida pela produção industrial de palmito introduziu a extração intensiva e em larga escala já na década de 1930, segundo Cervi (1996). A abundância de palmiteiros na região, a forte demanda pelo produto e a facilidade inicial da exploração e do processamento ofereceram suporte para a rápida proliferação de fábricas de palmito em conserva. Esse tipo de exploração teve lugar principalmente nas grandes propriedades, onde as empresas de produção de conserva compravam o estoque de palmiteiros existente. A falta de vínculo com a produção futura dessas florestas, decorrente do tipo de exploração do produto, levou à devastação das populações naturais de palmiteiro, assim como de vários outros recursos florestais em grande parte do Sul e do Sudeste do País. A devastação da Mata Atlântica e o crescente consumo de palmito levaram à drástica redução das populações naturais da espécie no último terço do século 20. Com isso, muitas empresas de exploração de palmito migraram para o estuário do Rio Amazonas em busca de matéria-prima similar, como o açaizeiro (E. oleracea Martius), embora sua qualidade fosse inferior.

Obviamente, nas várias áreas onde a agricultura intensiva já havia se estabelecido e, portanto, nas quais a floresta estava suprimida desde o século 19, ou início do século 20 (principalmente nas formações deciduais ou semideciduais nos estados de São Paulo, de Minas Gerais, do Paraná e de Santa Catarina, de acordo com DEAN, 1996), já não mais havia populações naturais da espécie, mesmo antes do início da exploração intensiva. Assim, a expansão da fronteira agrícola na área de Domínio da Mata Atlântica – com consequente desmatamento –, principalmente antes das décadas de 1930 e 1940, foi responsável pela redução das populações naturais da espécie, segundo Reis e Reis (2000).

A percepção social da forte redução da área com cobertura florestal no âmbito do Domínio da Mata Atlântica trouxe consigo a necessidade de restrições legais de exploração de recursos florestais e exigiu o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de exploração. Os estudos realizados pelo Instituto Agronômico de Campinas e Instituto Florestal de São Paulo, desde a década de 1970, e os estudos do Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais da Universidade Federal de Santa Catarina, a partir da década de 1980, foram de grande importância para a criação de uma massa crítica que permitisse fundamentar políticas, ações e legislações, visando à obtenção racional do produto.

Embora a possibilidade do manejo sustentável da espécie seja evidente (REIS et al., 2000a; FANTINI et al., 2000; PEREIRA, 2000; RIBEIRO; ODOROZZI, 2000), o corte de todos os indivíduos das populações nativas de palmiteiro, incluindo as plantas que produzem sementes, foi e ainda é uma prática comum (REITZ et al., 1978; NODARI; GUERRA, 1986; GALLETI; CHIVERS, 1995; ODORIZZI; RIBEIRO, 1998). A produção clandestina de palmito, que inclui a exploração excessiva e o roubo, e o seu posterior processamento e comercialização ilegais impõem restrições à adoção de práticas de manejo em vários locais.

Apesar de o caráter predatório da exploração contribuir para a degradação da Floresta Tropical Atlântica, E. edulis apresenta um grande potencial para utilização como modelo de manejo de populações naturais de forma sustentável. Tal aspecto se deve aos seguintes fatores: a) grande abundância no sub-bosque de toda área coberta pelo domínio da Floresta Tropical Atlântica; b) grande capacidade de regeneração natural em populações naturais; c) fácil comercialização; d) intensa interação com a fauna (REIS; REIS, 2000).

O papel ecológico da espécie e sua grande abundância no estrato médio da Mata Atlântica colocam E. edulis numa posição estratégica para conservação desse ecossistema. Também Kageyama e Gandara (1993) e Reis et al. (2000a) discutem a importância da utilização do palmiteiro como um referencial de espécie comum (com alta frequência e abundância), para a definição de estratégias que visem à conservação e ao manejo de ecossistemas tropicais.

Conforme discutido por Reis e Reis (2000), o elevado valor comercial, o ciclo relativamente curto e a grande abundância de indivíduos dentro das florestas são fatores que favorecem a utilização de um sistema de manejo sustentável para as populações naturais da espécie. Os resultados obtidos a partir dos vários estudos com a espécie permitiram o estabelecimento de regulamentações visando à exploração sustentável das populações naturais do palmiteiro nos estados de São Paulo (Resolução SMA nº 16, 21/6/1994), de Santa Catarina (Resolução CONAMA nº 294/2001), do Paraná (Resolução nº 031/1998 SEMA) e do Rio Grande do Sul (Decreto Estadual nº 38.355, 1/4/1998).

Em relação aos produtos utilizados a partir da espécie, o palmito é o principal produto extraído do palmiteiro. Pode ser consumido in natura ou em conservas e constitui um alimento requintado e saboroso, largamente consumido no País e no exterior. As bainhas foliares mais internas também são utilizadas para pastas, farinhas, sopas e molhos (DETONI JUNIOR, 1987), e os botões florais são usados para fazer doces, para dar gosto a saladas finas ou enfeitá-las (CARVALHO, 1994).

Além da aplicação alimentícia do palmiteiro, a planta também é de grande uso paisagístico, principalmente no Sul do País. Os troncos (estipes) duros de plantas adultas são empregados em construções rurais e também nas cidades, fornecendo esteios para andaimes, caibros, sarrafos para telhados (ripas), calhas para aquedutos rústicos, sarrafos para cercas, material para estivados e lenha, além do fabrico de chapas de aglomerado e celulose (REITZ, 1974; CARVALHO, 1994). As folhas são utilizadas na cobertura de ranchos e como forrageira para alimentação animal. O fruto é um rico alimento para suínos e aves, além de servir de adubo (REITZ, 1974; CARVALHO, 1994).

O caule novo, ao ser espremido, produz um suco que, colocado sobre qualquer ferimento, faz que o sangue seja estancado imediatamente, secando a ferida em poucas horas, apesar de produzir forte odor (REITZ, 1974). Além disso, é indicado também contra dores de barriga, no controle de hemorragias e como antídoto para picada de cobras (DI STASI et al., 2002). No artesanato, suas folhas são usadas para a confecção de cadeiras de palha.

Em relação à apicultura, o palmiteiro é um grande produtor de pólen (CARVALHO, 1994). Nos últimos anos, essa palmeira também tem sido utilizada para o enriquecimento de florestas nativas e exóticas, pois atrai e mantém polinizadores, dispersores e predadores de sementes, importantes atores no papel de recuperação de áreas perturbadas (NODARI et al., 1987; CARVALHO, 1994). Os seus frutos são muito apreciados por pássaros (ex.: periquitos, sabiás, sanhaços, gralhas-azuis, tucanos e jacus), morcegos, répteis (ex.: lagartos) e mamíferos (ex.: cutia, paca, esquilos, veados, graxains, porcos-do-mato e antas) (REIS; KAGEYAMA, 2000).

Hoje a exploração dos palmitais nativos é possível por meio de planos de manejo sustentado, previstos nas legislações dos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo, como mencionado anteriormente. Porém, a ilegalidade do processo de exploração de palmito é, predominantemente, o que continua exaurindo os palmitais nativos. Atualmente, restam poucas populações naturais bem conservadas, e frequentemente são encontradas populações sem plantas matrizes.

No entanto, apesar de predatória a exploração do palmiteiro é a principal fonte de renda para várias comunidades, especialmente na região do Vale do Ribeira, localizada no sul do Estado de São Paulo, no litoral norte do Estado do Paraná e na região nordeste de Santa Catarina, garantindo o sustento de várias famílias de baixa renda.

Taxonomia

O trabalho de Martius (1823–1853), no século 19, foi a primeira grande contribuição na classificação das palmeiras. No seu trabalho, Martius considerou as palmeiras como uma ordem, dividida em cinco famílias: Lepidocaryneae (ex.: Mauritia), Borassineae (ex.: Latania), Cocoineae (ex.: Cocos, Arecastrum, Bactris, Attalea e Astrocaryum), Arecineae (ex.: Euterpe, Geonoma e Areca) e Coryphineae (ex.: Chamaedorea). Essas famílias foram divididas em tribos, e estas últimas em subtribos. Alves e Demattê (1987) citam que Blume elaborou uma nova classificação, baseada nos trabalhos de Martius e em outros, os quais serviram de base para o trabalho de Wendland. Essa classificação agrupou as cinco famílias determinadas por Martius, de caracteres bastante distintos, em apenas dois grupos, Arecaceae e Cocaceae. Baseado nos trabalhos de Salomon, Oskar Drude, citado por Alves e Demattê (1987), propôs uma nova classificação para as palmeiras, que difere da classificação proposta por Martius, uma vez que abrange um número bem maior de gêneros e considera as cinco famílias de Martius como quatro subfamílias, agrupando Areca e Cocoineae em uma única subfamília. A seguir, estão as quatro subfamílias propostas por Drude, suas respectivas tribos e alguns exemplos: subfamília Coryphineae, tribos Phopeniceae (Phoenix) e Sabaleae (Copernicia); subfamília Lepidocaryneae, tribos Calameae (Eugeissona), Raphieae (Raphia) e Mauritieae (Mauritia); subfamília Borassineae, tribo Borasseae (Latania); e subfamília Ceroxylineae, tribos Cocoineae (Acrocomia, Astrocaryum, Attalea, Bactris, Cocos e Elaeis), Arecineae (Euterpe, Aconthophoenix e Areca), Geonomeae (Geonoma), Hyophorbeae (Chamaedorea), Iriarteae (Iriartea) e Caryoteae (Caryota). Alves e Demattê (1987), citando os trabalhos de Takhtajan e Cronquist, propuseram uma nova classificação para as palmeiras, na qual a família Arecaceae é dividida em nove subfamílias: Coryphoideae (Copernicia, Raphis), Phoenicoideae (Phoenix), Borassoideae (Latania), Caryotoideae (Caryota), Lepidocaryoideae (Eugeissona, Mauritia), Arecoideae (Euterpe, Geonoma), Cocosoideae (Attalea, Bactris, Butia), Phytelephantoideae (Phytelephas) e Nypoideae (Nypa).

A família Arecaceae é a única da ordem Arecales (JOLY, 1991). Segundo Uhl e Dransfield (1986), nessa nova classificação há 200 gêneros divididos em seis subfamílias: Coryphoideae com 39 gêneros, Calamoideae com 22 gêneros, Nypoideae com 1 gênero, Ceroxyloideae com 11 gêneros, Arecoideae com 124 gêneros, e Phyletephantideae com 3 gêneros.

O gênero Euterpe pertence à subfamília Arecoideae, tribo Areceae, subtribo Euterpeinae, com 28 espécies (UHL; DRANSFIELD, 1988). Ocorre nas Antilhas e na América do Sul tropical, nas mais diversas condições ecológicas, e inclui espécies de valor econômico e ornamental (REITZ, 1974). Vários estudos classificaram o gênero Euterpe Gaertn. com outros nomes: Acrista Cook, Catis Cook, Plectis Cook, Rooseveltia Cook (ALVES; DEMATTÊ, 1987). São exemplos de espécies nativas do Brasil: Euterpe edulis Martius (palmiteiro), encontrada na Mata Atlântica; E. oleracea Martius (açaí), no estuário do Rio Amazonas; E. catinga Wallace (açaí-catinga), nas denominadas caatingas do Rio Negro; E. concinna Burret (Amazonas); E. controversa Barb.-Rodr. (Amazonas); E. espiritosantensis Fernandes (palmito-amarelo), que ocorre endemicamente no município de Santa Teresa no Estado do Espírito Santo; E. jatapuensis Barb.-Rodr. (Amazonas); E. longibracteata Barb.-Rodr. (Amazonas); E. petiolata Burret (Mato Grosso); E. roraimae Dammer (Roraima); e E. precatoria (açaí-da-mata), que ocorre no Acre, no Amazonas, no Pará e em Rondônia (ALVES; DEMATTÊ, 1987; HENDERSON, 2000).

A palmeira Euterpe edulis é conhecida vulgarmente pelos seguintes nomes: içara, inçara, iuçara, jiçara, ensarova, palmiteiro, ripeira, ripa, juçara, palmito-branco, palmito-vermelho, palmito-doce, palmiteiro-doce, palmito-juçara e acaí-do-sul (REITZ, 1974; REITZ et al., 1978). Os seguintes binômios são sinonímias: E. equsquizae Bertoni ex Hauman e E. globosa Gaertn (CARVALHO, 1994). Euterpe significa musa da música, e edulis, em latim, significa comestível, o que é uma alusão ao seu ótimo sabor (REITZ, 1974).

É uma palmeira de tronco (estipe) simples (não estolonífero), reto, cilíndrico, comumente com 5 m a 10 m de altura, podendo chegar a até 20 m, com diâmetro à altura do peito entre 5 cm e 15 cm, podendo chegar a 30 cm. O capitel é formado por um tufo de folhas grandes, com 15 a 20 folhas no ápice, cujas bases formam o palmito, caracterizando as variedades de acordo com a tonalidade de cor que apresentam. As folhas são alternas, pinadas, com até 3 m de comprimento. As raízes são visíveis na base do tronco. As flores são amareladas, numerosas, com 3 mm a 6 mm de comprimento, distribuídas em grupo de três, uma feminina entre duas masculinas. A inflorescência é uma espádice de 50 cm a 80 cm de comprimento, composta de várias espigas, inseridas abaixo das folhas. Na antese, a inflorescência está envolta por uma grande bráctea que a protege até o seu desenvolvimento. O fruto é uma drupa esférica composta por um epicarpo pouco espesso, liso, violáceo-escuro, com polpa escassa, encerrando uma semente. A semente é quase esférica, variando de pardo-grisácea a pardo-amarelada, envolvida por uma cobertura fibrosa, com até 10 mm de diâmetro (REITZ, 1974; REITZ et al., 1978; CARVALHO, 1994).

Carvalho (1994) cita a existência de três variedades popularmente conhecidas como palmiteiro-branco, palmiteiro-vermelho e palmiteiro-macho ou encapado. Entre as duas primeiras variedades, a principal diferença é a cor da bainha. Com relação ao estipe, no palmito-vermelho ele é mais alto e fino que no palmito-branco. O palmito-macho ou encapado é aquele cujas folhas velhas não se desprendem do estipe quando entram em senescência, impedindo a emissão de inflorescências. No entanto, as três variantes são encontradas comumente nas mesmas populações, não constituindo variedades botânicas ou agronômicas efetivas.

Biogeografia

Considerando as principais referências sobre a espécie (KLEIN, 1968, 1974; PEDROSA MACEDO, 1973; CARVALHO, 1994; HENDERSON, 2000; REIS et al., 2000c), a área de ocorrência de E. edulis se estende desde o sul da Bahia (15°S) até o norte do Rio Grande do Sul (30°S), no litoral, adentrando, no sul, até o leste do Paraguai e norte da Argentina (57°W). Essas e outras informações permitiram a elaboração do mapa de ocorrência no Domínio da Mata Atlântica, apresentado na Figura 1 (REIS et al., 2000c).

Figura 1

Figura 1. Área de ocorrência original do palmiteiro (Euterpe edulis Martius) – área escura – e dentro do Bioma Mata Atlântica – área clara – no Brasil.

Fonte: adaptado de Reis et al. (2000c).

Segundo Reis et al. (2000c), o palmiteiro apresentava sua distribuição por quase toda a área de abrangência do Domínio da Mata Atlântica, assumindo, originalmente, elevados índices de abundância e frequência no estrato médio das formações Ombrófila Densa e na maior parte das formações Estacional Decidual e Estacional Semidecidual. Na formação Ombrófila Mista, tem sua ocorrência restrita às áreas ciliares, não ultrapassando altitudes entre 700 m e 900 m. Essa altitude também é limite nas demais formações florestais do Domínio da Mata Atlântica. Observações adicionais indicam a ocorrência da espécie nas áreas de veredas do Cerrado.

Reis et al. (2000c) chamam atenção para o fato de a espécie apresentar duas grandes áreas de ocorrência disjuntas (Figura 1). A primeira ocupa, predominantemente, a Floresta Ombrófila Densa, e vem desde o sul da Bahia até a região da Depressão Central no Rio Grande do Sul. A segunda ocupa, predominantemente, as Florestas Estacionais na Bacia do Rio Paraná (Uruguai), e vem desde o Mato Grosso e de Goiás até o norte do Rio Grande do Sul, no Brasil, e adentra no Paraguai e na Província de Misiones na Argentina (não indicado na Figura 1).

Os mesmos autores (REIS et al., 2000c) levantam algumas hipóteses sobre a manutenção do fluxo gênico entre essas duas grandes áreas:

a) Em decorrência da importância alimentícia da espécie, indígenas que normalmente faziam migrações entre as florestas levaram sementes de E. edulis das áreas das Florestas Estacionais Deciduais e Semideciduais para a Floresta Ombrófila Densa, supondo que a espécie tenha se originado de uma radiação adaptativa a partir da Bacia Amazônica, região onde aparecem várias espécies do gênero (HENDERSON, 2000).

b) A distância que separa as duas áreas no ponto de maior proximidade (Serra de Paranapiaçaba, que, a leste, apresenta as nascentes do Rio Ribeira de Iguape e, a oeste, o Rio Paranapanema) não é tão longa, e animais de grande porte, como antas, veados, ou mesmo pássaros maiores, mantinham um processo natural de fluxo gênico entre as duas áreas de ocorrência dessa espécie.

c) Klein (1979–1980) também levanta a hipótese de migração de várias espécies das Florestas Estacionais, e até mesmo da Amazônia e do Cerrado, através da Bacia do Paraná-Uruguai, entrando pela Depressão Central do Rio Grande do Sul e subindo pela Floresta Ombrófila Densa via “Portal de Torres”, no norte do Rio Grande do Sul.

d) Outra possibilidade é a de que, no passado, a espécie ocupasse uma única grande área, com uma grande ligação entre os estados de São Paulo e de Minas Gerais, a qual posteriormente foi interrompida por mudanças climáticas e/ou geológicas.

Biologia reprodutiva

Reis et al. (1993), realizando estudos da biologia reprodutiva do palmiteiro na Estação Ecológica de Ibicatu (Piracicaba, SP), verificaram que a emissão da inflorescência se dá após uma média de 12 dias depois da exposição das espatas, e a floração masculina, a qual se inicia com a queda das espatas, dura 15 dias, aproximadamente. Além disso, Mantovani e Morellato (2000), estudando uma população de palmiteiro numa formação florestal secundária em Santa Catarina, verificaram que: a) a bráctea peduncular (espata) liberou as inflorescências 2 a 4 dias após ter sido exposta pela bainha foliar; b) a floração masculina na inflorescência durou em torno de 5 a 7 dias; c) a floração feminina na inflorescência durou de 4 a 6 dias. Esses dados indicam diferente comportamento entre regiões de ocorrência. Mantovani e Morellato (2000) verificaram que as plantas reprodutivas produziram uma média de 2,3 (variando entre 1 e 5) e de 1,8 (variando entre 1 e 4) inflorescências por planta, nos anos de 1996 e de 1997, respectivamente.

A inflorescência de palmiteiro, em forma de panícula, é composta por uma raque central, da qual partem ramificações de primeira ordem, chamadas de ráquilas, que sustentam as flores. As flores são unissexuais, dispostas na ráquila, formando um conjunto chamado tríade, no qual se encontra uma flor feminina entre duas masculinas (HENDERSON, 2000; MANTOVANI; MORELLATO, 2000). O número de ráquilas por inflorescência varia de 96 a 175, e o número de flores pistiladas varia de 52 a 162. As estaminadas apresentam-se em mais do que o dobro do número de flores pistiladas (MANTOVANI; MORELLATO, 2000). Tanto a antese masculina como a feminina são diurnas. A masculina oferece, como recurso floral, pólen e néctar, e a feminina, néctar (MANTOVANI; MORELLATO, 2000). A viabilidade do pólen é superior a 90%, e a floração feminina inicia-se após o término da masculina (protandria).

A partir da fertilização, são necessários 226 dias, em média, para as infrutescências apresentarem frutos maduros (MANTOVANI; MORELLATO, 2000). Esses mesmos autores verificaram que, quanto maior o número de inflorescências emitidas por planta, maior é a probabilidade de que ela repita a emissão de pelo menos uma inflorescência no próximo ciclo reprodutivo. Também verificaram uma tendência, em E. edulis, de maior porcentagem de infrutescências formadas a partir das primeiras inflorescências emitidas nas plantas que emitem mais que uma inflorescência. Além disso, verificaram que, em 50% das inflorescências emitidas, infrutescências foram formadas, independentemente do número de inflorescências emitidas por planta. Entretanto, as primeiras inflorescências emitidas apresentaram maior probabilidade de formação de frutos. Dessa forma, a sequência de emissão interfere diretamente no sucesso da formação das infrutescências.

Com relação à taxa de cruzamento, Reis et al. (2000b), empregando marcadores alozímicos, obtiveram estimativas para sete populações naturais dos estados de São Paulo e de Santa Catarina, as quais variaram de 0,99 a 1,03, respectivamente, com média de 0,99. A taxa de cruzamento obtida por meio de marcadores microssatélites também se aproxima de 1,0 em populações naturais do Cerrado, no Distrito Federal (GAIOTTO et al., 2003), e em Floresta Ombrófila Densa, no Estado de Santa Catarina (CONTE, 2004).

Tais resultados são coerentes com os estudos de biologia reprodutiva e confirmam o caráter alogâmico da espécie.

Diversidade genética

Estudos empregando marcadores alozímicos (REIS, 1996a; REIS et al., 2000d; CONTE et al., 2003; SILVA, 2004) e microssatélites (GAIOTTO et al., 2003) em populações naturais, revelaram que a espécie possui alta variabilidade genética dentro das populações e baixa divergência entre elas, além de uma alta taxa de fecundação cruzada (já mencionada).

Em seus estudos, Reis et al. (2000b), utilizando apenas locos polimórficos, obtiveram 3,1 alelos por loco, endogamia de 0,017 e uma diversidade genética de 0,424 em três populações, em condições de floresta primária, localizadas em Blumenau, SC. Para outras cinco populações localizadas em Sete Barras, SP, também em condições de floresta primária, os autores obtiveram, em média, 3,4 alelos por loco, índice de fixação de -0,071 e uma diversidade genética de 0,463. Cabe destacar que o valor negativo encontrado para o índice de fixação nas populações no Estado de São Paulo evidencia a ocorrência de excesso de heterozigotos. Comparando essas oito populações, Reis et al. (2000b) concluem que a maior parte da diversidade genética da espécie se encontra distribuída dentro das populações (97%). De uma forma geral, a espécie apresenta alta diversidade genética dentro das populações naturais, com níveis de divergência interpopulacionais pouco pronunciados.

Para uma população natural em bom estado de conservação, localizada na Floresta Nacional de Ibirama, SC, Conte (2004), utilizando apenas locos polimórficos, obteve três alelos por loco em média, heterozigosidade esperada de 0,410 e índice de fixação de 0,084. Esses resultados são similares aos obtidos por outros autores, anteriormente citados, porém apresentam maiores níveis de endogamia. Resultados semelhantes foram obtidos por Silva (2004).

Reis et al. (1998) e Conte et al. (2003) verificaram aumento nos níveis de heterozigosidade na passagem da fase de plântula para as classes adultas. Esse comportamento está relacionado à alta taxa de mortalidade encontrada nas primeiras categorias. Esses autores sugerem que o processo de recrutamento para a espécie esteja vinculado a aspectos genéticos, como a seleção de heterozigotos, o que destaca a importância da definição de um grupo mínimo de matrizes, capaz de suprir as necessidades de diversidade genética para o contínuo recrutamento da regeneração natural e para a evolução da espécie. Esse aspecto tem especial relevância para a exploração (manejo) das populações naturais da espécie.

Nesse sentido, as estimativas de tamanho da deme pan-mítica são especialmente relevantes para a definição do número mínimo de plantas matrizes por área em um sistema de manejo. Reis (1996a) obteve, a partir das estimativas de divergência genética entre diferentes populações, um tamanho de vizinhança de 67 indivíduos, com cada deme pan-mítica ocupando uma área de, aproximadamente, 13.000 m², ou 60 matrizes por hectare.

Domesticação e manejo

A domesticação das plantas pode ser entendida como um processo coevolutivo, em que, por meio da seleção, alguns tipos mais apropriados para as necessidades ou interesses do homem são favorecidos, com o objetivo de tornar essas populações mais úteis, conforme discute Clement (1999).

Paralelamente à domesticação de uma determinada espécie, o homem produz alterações na paisagem visando torná-la mais produtiva ou conveniente para sua ação. Essa alteração da paisagem, referenciada como domesticação da paisagem, é parte do processo de domesticação como um todo. Dessa forma, a domesticação pode ser entendida como um processo gradativo que vai desde as populações naturais de plantas, em seu ambiente original, até uma monocultura com um único genótipo, passando por várias situações intermediárias ou diferentes intensidades de alterações genéticas e da paisagem (CLEMENT, 1999).

A obtenção de produtos da Mata Atlântica envolve estratégias de extrativismo, manejo e cultivo. Assim, é razoável examinar essas estratégias sob a ótica das alterações provocadas por esses processos na estrutura genética das espécies empregadas, bem como na paisagem.

Nessa ótica, as espécies pioneiras ou secundárias iniciais no processo de sucessão secundária permitem o uso de estratégias de cultivo, plantios homogêneos (monoculturas) ou heterogêneos (policulturas), como alternativas razoáveis para obtenção dos seus produtos (REIS; MARIOT, 1999). No entanto, diversas espécies atualmente em uso são tipicamente climáxicas, o que torna o seu cultivo de forma convencional muito difícil. Dessa forma, o seu manejo dentro do ecossistema, e não o cultivo, passa a ser a alternativa mais razoável para obtenção dos seus produtos (REIS; MARIOT, 1999).

O manejo de populações naturais pode ser entendido como a exploração controlada das populações de uma dada espécie, visando à obtenção de um produto direto (madeira, palmito, flores, frutos) ou indireto (metabólitos secundários a partir das folhas, da casca, ou de outro órgão da planta). Contudo, tal manejo só é sustentável no tempo na medida em que a retirada de um número de indivíduos (ou de partes deles) possa ser reposta pelo próprio dinamismo da espécie a cada ciclo de exploração. Assim, implica o aproveitamento da regeneração natural dela, a partir do desenvolvimento dos indivíduos remanescentes e da contínua reposição de propágulos para manutenção do banco de plântulas ou sementes. Nesse contexto, a manutenção da dinâmica demográfica da espécie é de extrema importância para que as expectativas de rendimento se mantenham a cada ciclo. Dessa forma, os níveis de variabilidade nas plantas reprodutivas remanescentes e, consequentemente, a garantia de continuidade do processo microevolutivo serão dados pelas possibilidades de ocorrência de recombinantes nas gerações subsequentes (REIS, 1996a).

O manejo de populações naturais de forma sustentável tem sido intensamente discutido e avaliado sob a ótica da viabilidade econômica e conservacionista (GODOY; BAWA, 1993; GODOY et al., 1993; REIS, 1996b; SHELDON et al., 1997). Esses autores têm demonstrado a necessidade de estudos básicos, que envolvam biologia reprodutiva, demografia e genética, associados com estudos etnobotânicos e econômicos, para que as tecnologias de manejo de populações naturais possam ser pertinentes às regiões às quais se destinam.

Em relação ao melhoramento, várias pesquisas foram realizadas visando ao monocultivo ou ao cultivo consorciado do palmiteiro (BOVI et al., 1987a,b; NODARI et al., 1987, 2000; YAMAZOE et al., 1990; BOVI et al., 1991), incluindo a produção de híbridos com E. oleracea (BOVI et al., 1987c, SAWAZAKI et al., 1998), especialmente no Instituto Agronômico de Campinas. Contudo, outras palmeiras como a pupunha (Bactris gasipaes Kunth) e a palmeira real (Archontophoenix alexandrae H. Wendl. & Drude) têm se mostrado mais produtivas e mais fáceis de ser manejadas em cultivos puros.

Assim, a proposição de manejo sustentado mencionada anteriormente tem sido a estratégia atual mais efetiva para obtenção do palmito. O manejo prevê a retirada de um número de indivíduos a cada ciclo de corte que possa ser reposto pelo próprio dinamismo da espécie (REIS et al., 2000d). Dessa forma, implica o aproveitamento de sua regeneração natural, a partir do desenvolvimento dos indivíduos remanescentes e da contínua reposição de propágulos para manutenção do banco de plântulas. Logo, depende da permanência de indivíduos reprodutivos nas áreas sob manejo. Ou seja, há necessidade de que um certo número de indivíduos, já em fase reprodutiva, permaneçam para que ocorra a ressemeadura natural.

Nesse contexto, a manutenção da dinâmica demográfica da espécie é de extrema importância, para que as expectativas de rendimento se mantenham a cada ciclo; assim, os níveis de variabilidade nas plantas reprodutivas remanescentes e, consequentemente, as possibilidades de recombinantes nas gerações subsequentes é que darão a garantia de continuidade do processo (REIS et al., 2000b). Dessa forma, a caracterização dos níveis de variabilidade e estruturação genética, bem como o entendimento da dinâmica de movimentação dos alelos nas populações naturais da espécie trarão subsídios para a maximização de estratégias e o monitoramento do processo de exploração em regime de rendimento sustentado para populações naturais (REIS et al., 2000b). Desse modo, as estimativas de tamanho da deme pan-mítica são especialmente relevantes para a definição do número mínimo de plantas matrizes por área em um sistema de manejo.

Essa estratégia de manejo da espécie depende também do entendimento da estrutura demográfica de suas populações naturais. De uma maneira geral, a estrutura populacional da espécie mostra-se com uma distribuição em “J” reverso, característica de situações em que há grande número de indivíduos jovens, ou de menores dimensões, além de uma redução na frequência daqueles de maior idade ou de maiores dimensões. A Figura 2 ilustra esse comportamento para o palmiteiro.

Figura 2

Figura 2. Pirâmide demográfica de uma população natural de palmiteiro Euterpe edulis na região de Blumenau, SC.

Fonte: Adaptado de Reis et al. (1996).

Na Tabela 1, são apresentados dados de distribuição diamétrica de várias populações naturais da espécie. Em todas as situações, fica caracterizada a maior frequência de indivíduos com menor diâmetro à altura do peito (DAP – diâmetro do estipe a 1,3 m), com redução da frequência para os indivíduos maiores. Essa estrutura favorece o processo de exploração fundamentado na regeneração natural da espécie. Assim, a retirada dos indivíduos maiores produz espaço para o crescimento daqueles que estão nas classes imediatamente inferiores, permitindo, dessa forma, uma exploração cíclica. Essa exploração cíclica será sempre dependente dos indivíduos reprodutivos, que estarão continuamente realimentando o “banco de plântulas”, quantitativa e qualitativamente, como mencionado anteriormente.

Tabela 1. Estrutura demográfica (frequência de indivíduos por classes de DAP) de populações de palmiteiro avaliadas em diferentes regiões.

Tabela 1

Assim, essa forma de exploração, com controle genético e demográfico, caracteriza a espécie como domesticada, ou domesticável, mas no seu ambiente natural, conforme a classificação de Clement (1999).

Os critérios de exploração desse sistema de manejo para as populações naturais de palmiteiro estão incorporados às regulamentações para exploração da espécie antes referidas.

Perspectivas

Os trabalhos desenvolvidos com o palmiteiro demonstram a possibilidade de manejo sustentado de populações naturais da espécie, desde que seguidos critérios que garantam a perpetuação da atividade, como a manutenção de plantas matrizes visando à manutenção de sua diversidade genética natural. Esse manejo já é realizado em pequenas, médias e grandes propriedades nas regiões Sul e Sudeste do País, com resultados satisfatórios. O manejo de populações naturais do palmiteiro, nos moldes propostos, pode ser considerado um exemplo de domesticação de uma espécie em sua paisagem natural.

Além disso, o plantio de Euterpe edulis para a produção de palmito não teve grande sucesso entre os produtores rurais, principalmente por causa das exigências ecológicas da espécie – tais como a necessidade de sombreamento nos estágios iniciais de desenvolvimento e o seu baixo rendimento – comparadas às de outras espécies produtoras de palmito, como a pupunha (Bactris gasipaes Kunth) e a palmeira real (Archontophoenix alexandrae H. Wendl. & Drude). Essa situação vem acarretando uma perda de espaço e de investimentos no que diz respeito ao cultivo de Euterpe edulis em relação a essas outras espécies.

Nos últimos anos, contudo, tem crescido nos estados do Sul e do Sudeste o consumo da “polpa do açaí” proveniente dos frutos de E. oleracea, espécie da Região Amazônica. Esse consumo tem sido transferido para E. edulis, ainda que existam poucas informações disponíveis sobre suas características e seu rendimento, bem como sobre os impactos da extração desse novo recurso. Como consequência, grande número de produtores rurais no Sul, e de extrativistas no Sudeste, tem passado a explorar os frutos, reduzindo a pressão sobre as plantas adultas. O crescimento dessa nova atividade traz consigo a necessidade de sistematização e de geração de novos conhecimentos sobre a espécie em seu ambiente.

Referências

ALVES, M. R. P.; DEMATTÊ, M. E. S. P. Palmeiras: características botânicas e evolução. Campinas: Fundação Cargill, 1987. 129 p.

BOVI, M. L. A.; GODOY JÚNIOR, G.; SAES, L. A. Correlações fenotípicas entre caracteres da palmeira Euterpe edulis Mart. e produção de palmito. Revista Brasileira de Genética, Ribeirão Preto, v. 14, n. 1, p. 105-121, 1991.

BOVI, M. L. A.; GODOY JÚNIOR, G.; SÁES, L. A. Pesquisas com os gêneros Euterpe e Bactris no Instituto Agronômico de Campinas. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM PALMITO, 1. 1987, Curitiba. Anais... Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1987a. p. 1-43.

BOVI, M. L. A.; SÁES, L. A.; CARDOSO, M.; CIONE, J. Densidade de plantio de palmiteiro em regime de sombreamento permanente. Bragantia, Campinas, v. 46, n. 2, p. 329-341, 1987b.

BOVI, M. L. A.; SÁES, L. A.; CARDOSO, M.; CIONE, J. Híbridos interespecíficos de palmiteiro (Euterpe oleracea x Euterpe edulis). Bragantia, Campinas, v. 46, n. 2, p. 343-363, 1987c.

CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso de madeira. Brasília: EMBRAPA–SPI, 1994. 640 p.

CERVI, C. E. O mercado de palmito. São Paulo: Conselho Britânico. 1996, 34 f.

CLEMENT, C. R. 1492 and the loss of Amazonian crop genetic resources. I The relation between domesticacion and human population decline. Economic Botany, Honolulu, v. 53, n. 2, p. 188-202, 1999.

CONTE, R. Estrutura genética de populações de Euterpe edulis Mart. submetidas à ação antrópica utilizando marcadores alozímicos e microssatélites. 2004. Tese (Doutorado em Genética e Melhoramento Vegetal) – ESALQ, USP, Piracicaba.

CONTE, R. Manejo do palmiteiro (Euterpe edulis Martius) no Estado de Santa Catarina. 1997. Monografia (Graduação em Agronomia): UFSC, Florianópolis.

CONTE, R.; NODARI, R. O.; VENCOVSKY, R.; REIS, M. S. dos. Genetic diversity and recruitment of the tropical palm, Euterpe edulis Mart., in a natural population from the Brazilian Atlantic Forest. Heredity, London, v. 91, n. 4, p. 401-406, 2003.

DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da mata atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 484 p.

DETONI JUNIOR, C. Otimização do aproveitamento do palmito. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM PALMITO, 1., 1987, Curitiba, Anais... Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1987. p. 173-174.

DI STASI, L. C.; MARIOT, A.; REIS, M. S. Outras monocotiledôneas medicinais na Mata Atlântica. In: DI STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. 2. ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2002. p. 79-83.

FANTINI, A. C.; GURIES, R.; RIBEIRO, R. J. Produção de palmito (Euterpe edulis Martius – Arecaceae) na Floresta Ombrófila Densa: potencial, problemas e possíveis soluções. Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 256-280, 2000.

GAIOTTO, F. A.; GRATTAPAGLIA, D.; VENCOVSKY, R. Genetic structure, mating system, and long-distance gene flow in heart of palm (Euterpe edulis Mart.). Journal of Heredity, Oxford, v. 94, n. 5, p. 399-406, 2003.

GALETTI, M.; CHIVERS, D. J. Palm harvest threatens Brazil´s best protected area of Atlantic Forest. Oryx, Cambridge, v. 29, p. 225-226, 1995.

GODOY, R. A.; BAWA, K. S. The economic value and sustainable harvest of plants and animals from the tropical forest: assumptions, hypotheses, and methods. Economic Botany, Honolulu, v. 47, n. 3, p. 215-219, 1993.

GODOY, R A; LUBOWSKI, R; MARKANDAYA, A. A method for the economic valuation of non-timber tropical forest products. Economic Botany, Honolulu, v. 47, n. 3, p. 220-233, 1993.

HENDERSON, A.; GALEANO, G.; BERNAL, R. Field guide to the palms of the Americas. Princeton: Princeton University Press, 1995. 352 p.

HENDERSON, A. The genus Euterpe in Brazil. Sellowia, Itajaí, v. 49-52, p. 1-22, 2000.

KAGEYAMA, P. Y.; GANDARA, F. B. Dinâmica de populações de espécies arbóreas: implicações para o manejo e a conservação. In: SIMPÓSIO DE ECOSSISTEMAS DA COSTA BRASILEIRA, 3., 1993, Serra Negra, Anais... Serra Negra: SBS, 1994. p. 115-125.

KLEIN, R. M. Euterpe edulis Martius – observações ecológicas. In: REITZ, R. Palmeiras. (Flora Ilustrada Catarinense – PALM). Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1974. p. 102-105.

KLEIN, R. M. Flora e vegetação do Vale do Itajaí. Sellowia, Itajaí, n. 31-32, p. 1-389, 1979-1980.

KLEIN, R. M. Necessidade da pesquisa das florestas nativas para exploração racional e manejo eficiente das mesmas. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 1968, Curitiba. Anais... Curitiba: Associação Paranaense de Engenheiros Florestais, 1968. p. 125-128.

JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 10. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1991. 777 p.

MANTOVANI, A.; MORELLATO, L. P. C. Fenologia da floração, frutificação, mudança foliar e aspectos da biologia floral do palmiteiro. Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 23-38, 2000.

MARTIUS, C. F. P. von. Historia naturalis palmarum. Leipzig: T. O. Weigel, 1823-1850.

NODARI, R. O.; FANTINI, A. C.; REIS, A.; REIS, M. S. Restauração de populações de Euterpe edulis Martius (Arecaceae) na Mata Atlântica. Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 189-201, 2000.

NODARI, R. O.; GUERRA, M. P. O palmiteiro no Sul do Brasil: situação e perspectivas. Useful palms of Tropical America, Newsletter, Brasília, v. 2, p. 9-10, 1986.

NODARI, R. O.; GUERRA, M. P.; REIS, A.; REIS, M. S.; MERIZIO, D. Eficiência de sistemas de implantação do palmiteiro em mata secundária. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM PALMITO. 1., 1987, Curitiba. Anais... Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1987. p. 165-171.

ODORIZZI, J.; RIBEIRO, R. J. Relatório do levantamento da população natural do projeto de enriquecimento florestal através do repovoamento de palmito Euterpe edulis Mart. nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. Registro, SP: Mitra Diocesana de Registro, 1998. 15 f.

PEDROSA-MACEDO, J. H. Palmito: uma grande fonte de divisas. III. Florestas, Curitiba, v. 4, n. 3, p. 57-59, 1973.

PEREIRA, L. B. A economicidade do palmiteiro (Euterpe edulis Martius) sob manejo em regime de rendimento sustentado. Sellowia, Itajaí, v. 49-52, p. 225-244, 2000.

REIS, A.; KAGEYAMA, P.; REIS, M. S.; FANTINI, A. C. Demografia de Euterpe edulis Martius (Arecaceae) em uma Floresta Ombrófila Densa Montana, em Blumenau (SC). Sellowia, Itajaí, n. 45/48, p. 13-45, 1996.

REIS, A.; KAGEYAMA, P. Y. Dispersão de sementes de palmiteiro (Euterpe edulis Martius – Palmae). Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 60-92, 2000.

REIS, M. S.; CONTE, R.; NODARI, R. O.; FANTINI, A. C.; REIS, A.; MANTOVANI, A.; MARIOT, A. Manejo sustentável do palmiteiro. Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 202-224, 2000a.

REIS, M. S. Dinâmica da movimentação dos alelos: subsídios para o manejo e conservação de populações naturais em plantas. Genetics and Molecular Biology, Ribeirão Preto, v. 19, n. 4, p. 37-47, 1996a.

REIS, M. S. dos; GUIMARÃES, E.; OLIVEIRA, G. P. Estudos preliminares da biologia reprodutiva do palmiteiro (Euterpe edulis) em mata residual do Estado de São Paulo. In: CONGRESSO FLORESTAL PANAMERICANO, 1.; CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO. 7., 1993, Curitiba. Floresta para o desenvolvimento: política, ambiente, tecnologia e mercado: anais. São Paulo: SBS; [S.l.]: SBEF, 1993. v. 1. p. 358-360.

REIS, M. S. dos ; GUERRA, M. P.; NODARI, R. O. Management of natural populations and manteinance of genetic diversity. In: WORKSHOP ON “RECENT ADVANCES IN BIOTECHNOLOGY FOR TREE CONSERVATION AND MANAGEMENT”, 1998 Florianópolis, Anais… Florianópolis: IFS, 1998, p. 145-156.

REIS, M. S.; GUERRA, M. P.; NODARI, R. O.; REIS, A.; RIBEIRO, R. J. Distribuição geográfica e situação atual das populações na área de ocorrência de Euterpe edulis Martius. Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 324-335, 2000c.

REIS, M. S.; FANTINI, A. C.; NODARI, R. O.; REIS, A.; GUERRA, M. P.; MANTOVANI, A. Management and conservation of natural populations in Atlantic Rain Forest: the case study of palm heart (Euterpe edulis Martius). Biotropica, Lawrence, v. 32, n. 4b, p. 894-902, 2000d.

REIS, M. S.; KAGEYAMA, P. Y.; GUIMARÃES, E.; NODARI, R. O.; FANTINI, A. C.; MANTOVANI, A.; VENCOVSKI, R. Variação genética em populações naturais de Euterpe edulis Martius na Floresta Ombrófila Densa. Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 131-149, 2000b.

REIS, M. S. Manejo sustentado de plantas medicinais em ecossistemas tropicais. In: DI STASI, L. C. et al. Plantas medicinais: arte e ciência – um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo: UNESP, 1996b. p. 199-210.

REIS, M. S.; MARIOT, A. Diversidade natural e aspectos agronômicos de plantas medicinais. In: SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre: Ed. UFRGS; Florianópolis: Ed. UFSC, 1999. p. 39-60.

REIS, M. S.; REIS, A. (Ed.). Euterpe edulis Martius (palmiteiro): biologia, conservação e manejo. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 2000. 335 p.

REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto madeira de Santa Catarina. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1978. 320 p.

REITZ, R. Palmeiras. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1974. 189 p. (Flora Ilustrada Catarinense).

RIBEIRO, J. J.; PORTILHO, W. G.; REIS, A.; FANTINI, A. C.; REIS, M. S. O manejo sustentado do palmiteiro no Vale do Ribeira. Florestar Estatístico, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 15-16, 1994.

RIBEIRO, R. J.; ODORIZZI, J. Um caso de manejo em regime de rendimento sustentado do palmiteiro na Fazenda Nova Trieste Eldorado, SP. Sellowia, Itajaí, n. 49-52, p. 245-255, 2000.

SAWAZAKI, H. E.; BOVI, M. L. A.; SODEK, L.; COLOMBO, C. A. Diversidade genética em palmeiras através de isoenzimas e RAPD. Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 58, n. 4, p. 681-691, 1998.

SHELDON, J. W.; BALICK, M. J.; LAIRD, S. A. Medicinal plants: can utilization and conservation coexist? Honolulu: NYBG, 1997. 104 p. (Advances in Economic Botany, 12).

SILVA, J. Z. Efeito de diferentes intensidades de manejo simuladas sobre a diversidade genética de uma população natural de palmiteiro (Euterpe edulis Martius). 2004. 90 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Genéticos Vegetais) – UFSC, Florianópolis.

UHL, N. W.; DRANSFIELD, J. Genera Palmarum, a new classification of palms and its implications. In: THE PALM-TREE of life: biology, utilization, and conservation. New York: The New York Botanical Garden, 1988. p. 1-19, (Advances in Economic Botany, 6).

YAMAZOE, G.; DIAS, A. C.; NETTO, B. V. M. Comportamento de Euterpe edulis Mart. sob Pinus pinaster Aiton em diferentes intensidades de desbaste. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO. 6., 1990, Campos do Jordão. Florestas e meio ambiente: conservação e produção, patrimônio social: anais... Campos do Jordão: Sociedade Brasileira de Silvicultura: Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais, 1990. v. 3. p. 610-613.