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Período de chuvas favorece incidência de doenças em hortaliças

terça, 24 de janeiro de 2012 às 08:20


As altas temperaturas do verão trazem consigo excessivas chuvas que influenciam diretamente a produção de hortaliças. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), durante o mês de dezembro, Brasília registrou 27 dias chuvosos e totalizou cerca de 300 milímetros de precipitação.
Com isso, o clima torna-se uma preocupação para o horticultor, uma vez que proporcionalmente ao aumento das chuvas está a ocorrência de doenças, principalmente em cultivos mais suscetíveis como o de folhosas e solanáceas (tomate, batata, pimentão, etc.).

O pesquisador Ailton Reis, fitopatologista da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), informa que neste período “as perdas nas lavouras de hortaliças podem atingir entre 50-100% devido ao aumento da severidade de doenças foliares, incidência de podridões em frutos, redução na disponibilidade de pólen, queda prematura de flores e aborto de frutos”.

Todavia, se o verão chuvoso traz uma série de riscos para a produção de hortaliças, o mercado compensa com os altos preços praticados nesta época do ano. Além de haver um maior consumo de saladas nesta estação, a dificuldade em ofertar produtos de qualidade, devido às doenças, faz com que os valores mantenham-se em alta.

O pesquisador Carlos Lopes, também fitopatologista da Unidade, ressalta que o fator econômico prevalece, apesar da recomendação técnica para que em tempos de chuva o horticultor opte por produtos mais resistentes ao excesso de umidade. “Na hora de ponderar, o produtor observa que mesmo com o alto risco de perdas, a parte que vai para comercialização obtém preços vantajosos que asseguram o retorno financeiro”, afirma.

Assim, uma vez que escolha correr riscos, o produtor de hortaliças pode adotar o controle integrado para minimizar os impactos negativos na produção. Para Ailton Reis, “é fundamental o uso de mudas e sementes sadias e de variedades com genes de resistência a doenças e tolerância ao excesso de umidade”. Ele também alerta que o uso de híbridos importados, desenvolvidos em clima ameno e com ausência de chuvas intensas, pode trazer um risco adicional para a produção.

Já o pesquisador Lopes indica o cultivo protegido das hortaliças como forma de minimizar os riscos de perdas e obter maiores ganhos. “Embora acarrete um maior custo de produção, o cultivo protegido facilita a colheita de produtos de melhor qualidade”, assevera.

Doenças frequentes

No período chuvoso, os prejuízos originados por doenças bacterianas têm maiores proporções, visto que estes patógenos dependem da água durante os processos de penetração, colonização, infecção e disseminação. Entre as bacterioses mais comuns em hortaliças nesta época estão a canela preta da batata e a mancha bacteriana do tomateiro, da pimenta e da alface.

Em relação às doenças fúngicas, a maior incidência no verão deve-se à diminuição da eficácia dos defensivos químicos que, por conta do excesso de chuva, tem reduzido o período de cobertura das folhas. Além disso, neste período, as condições são mais favoráveis à ocorrência destas doenças, cujas mais frequentes são a mancha-de-septória (alface e tomate) e a pinta-preta e a requeima (batata e tomate).

Quanto aos nematoides, o excesso de chuva aliado às altas temperaturas favorece um ciclo de vida mais rápido e uma disseminação mais acelerada deste patógeno nas áreas de plantação, causando também grandes perdas.

Redução dos danos

Em artigo intitulado “Plantio de hortaliças no período de chuvas requer manejo adequado”, os pesquisadores Ailton Reis e Leonardo Boiteux traçam um panorama sobre as doenças recorrentes em períodos chuvosos e elencam as principais práticas culturais para reduzir os danos ocasionados pela alta incidência de chuvas.

Entre os manejos e práticas sugeridas estão: escolha de sementes sadias, limpeza de implementos e ferramentas, aplicação preventiva de agrotóxicos, escolha criteriosa da área de cultivo, utilização de canteiros mais altos, rotação de cultura, entre outros.

Fonte: Embrapa

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